Uma luminária pensa no céu

Por: Deyse Abreu | Em: 8 / maio / 2021

Mayara La-Rocque nos presenteia com a sua segunda obra a plaquete Literária Uma luminária pensa no céu, publicada pela editora Escriba em 2017 em uma coerente reunião de poesias e prosas poéticas.  La-Rocque escritora, artista e educadora é natural de Belém-PA, e, tramei-a em sua obra poesias e prosas poéticas costuradas a modo de processos de desenvolvimento dos temas e estéticas da obra como um todo. Com experiência em autopublicação, produziu sua primeira obra de forma artesanal, Atravessa tua viagem (2016).

Uma luminária pensa no céu, apresenta-se como uma obra pequena com 44 páginas, no entanto se enganam os leitores que a pensam como uma leitura rápida. Em sua poética rica em metáforas, ritmos e fertilidade da escrita requer atenção às simbologias das palavras e suas organizações. Com maestria autora nos possibilita uma vivencia e mergulhos ao nosso próprio submundo e assim, permitindo vez ou outra emergir para respirar e vê a luz que brilha e guia.

Por sequência, é ressaltar que essa memória e lembranças são tomadas pelo uso das repetições das palavras e sentidos de:  Luminária; Luz e Silêncio, Surdo. Que contrapõe na escrita, as confissões, barulhos, excessos e o muito a se dizer, a se expressar, em tentativas de ouvir as vozes interiores e outras tantas. As palavras nos guiam a um baile, um movimentar do corpo, uma anunciação e rito, com a presença memorialística e a temática do tempo.

Outros elementos presentes na obra são as alquimias, a espiritualidade, as crenças de cura, os usos medicinais das palavras, dos questionamentos, das ervas e dos cheiros. E ao mesmo tampo o que é concreto, corpo, árvores, terras, lama, água, dança, em unicidade dos saberes que são ancestrais e desse retomam e reconhecem que tudo é um só, em suas particularidades infinitas.

Uma obra literária rica e que permite, assim como essa, diversas leituras e recepções. Destarte, ao final do livro há um suspiro vitalício, um mantra ou até mesmo um desígnio: “Use de tuas magias e, desse sonho, nunca mais volte a dormir.” No mais, não é uma prosa poética e poesia que parte, é daquela que fica e incomoda, daquelas verdades difíceis de aceitar, mas que são precisas e preciosas para que sejamos e permanecermos sendo.

Apaixonante, a leitura desperta a vontade de continuar a procura, uma procura interior e introspectiva. De todo modo, a autora é uma forte presença artística e cultural da literatura paraense e nacional. Espero que esteja logo ali em uma próxima escrita e publicação de Mayara, fator que requer uma maior visibilidade por parte das editoras no estado que parecem dormir. Nós que lemos, Uma luminária pensa no céu, estamos despertas. 

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