Felicidade Clandestina

Por: Maria Gabriela Mendes Bastos | Em: 24 / janeiro / 2020

Felicidade Clandestina de Clarice Lispector – com seus vinte e cinco contos – é aquele livro no qual não conseguimos não nos identificar em algum momento. A habilidade de Clarice de penetrar no mais íntimo do sentimento humano é ímpar. Logo no primeiro conto, o que dá nome ao livro, reconhecemos de imediato com aquela “felicidade clandestina” de quando conseguimos algo que desejávamos profundamente, e de súbito temos aquela alegria que nos inunda não sabemos o que fazer com ela. Aquela felicidade que só quem a sente entende e que encontra várias formas de se expressar.

No conto “Restos do carnaval” não é diferente, não me canso de me surpreender como Clarice consegue definir o sentimento mais complexo e indefinível. É aquele sentimento de quando estamos muito felizes por um acontecimento e surge aquele revés que, apesar de não conseguir completamente dar fim à tal empolgação, nos deixa confusos, num misto de alegria, tristeza, alegria súbita e culpa, culpa por ainda ter uma gota de felicidade em si, quando não deveria.

Os demais contos não deixam a desejar. A forma como ela descreve e vive o sentimento de esperança em “Uma esperança” é tão sublime que se torna inexplicável. A forma como é abordado o tema do desejo e de nossa falta de controle diante das nossas vontades em “Tentação” é uma das coisas mais tristes e bonitas que há na vida, assim como a resiliência e a ressignificação frente à tristeza da sobrevivência e do abandono em “O grande passeio”

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