Cinco escritoras potiguares

Por: Leia Mulheres | Em: 17 / março / 2017

Nísia Floresta Brasileira Augusta

Pseudônimo da norte-rio-grandense Dionísia Gonçalves Pinto, nasceu em Papary (atual Nísia Floresta), em 12 de outubro de 1810.

Aos 13 anos se casa com Manuel Alexandre Seabra de Melo, mas foge do casamento imposto para voltar a viver com seus pais que, agora, residiam em Pernambuco, causando grande alvoroço por sua decisão. Em 1828 casa-se novamente, agora, com Manuel Augusto de Faria (que morreria prematuramente em 1833), com quem teve dois filhos: Lívia Augusta e Augusto Américo.

Em sua trajetória intelectual percebe-se que Nísia sempre se preocupou com a formação educacional das mulheres, projeto este que abordou em vários de seus livros e também, no colégio para meninas que funda no Rio de Janeiro (o Colégio Augusto) que incentivava suas alunas a se aprofundarem nos estudos (para além dos bordados ou de ler e escrever, apenas, o básico). Esse projeto educacional foi pioneiro para a época e recebeu diversas críticas.

Entre suas obras mais importantes está Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens, publicado em 1823. Na capa, Nísia informa que se trata de uma tradução livre do livro: Vindications of the rights of women, de Mary Wollstonecraft (publicado no Brasil ano passado como Reivindicações dos Direitos da Mulher). No texto, Nísia incorpora diversas citações de outros autores e pensamentos seus que pretendiam denunciar o preconceito contra as mulheres e “desmistificar a ideia dominante da superioridade masculina”.

Em 1849 transfere-se para a Europa, lá, relaciona-se com intelectuais como: Augusto Comte, George Sand e Victor Hugo. No Velho Mundo também lança diversos livros (Itineraire d’um Voyage en Alemagne, Woman, Le Brésil, Scintille d’um anima brasiliana, entre outros).

Morre em Rouen, na França, no dia 24 de abril de 1885.

Para mais informações sobre Nísia Floresta, acesse este link.

Sobre o livro Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens.

Livros da Nísia disponíveis na Estante Virtual.

Auta de Souza

Nasce no município de Macaíba, em 12 de setembro de 1876. Órfã desde muito cedo, foi enviada ao Colégio São Vicente de Paula, no Recife, para começar seus estudos. Mas por lá não passa muito tempo: primeiro devido a crença geral que dominava na época, a saber: para uma moça não seria necessária uma alta escolarização. Além disso, para seu afastamento da escola, também contribui a doença que se manifesta aos 14 anos: Auta é diagnosticada com tuberculose.

Passou a colaborar, com seus poemas, em diversos jornais tanto do Rio Grande do Norte, como fora dele.

“Em 1900, publicou seu único livro de poemas, Horto. No prefácio, Olavo Bilac chamou a atenção para a ingenuidade ‘comovida e meiga’ de seus versos, semelhantes a ‘pequeninas joias’. Essa obra obteve significativa repercussão na crítica nacional e ainda hoje é uma das mais estudadas do nosso estado.

Poucos meses após seu lançamento, Auta falece em Natal, no dia 7 de setembro de 1901, com apenas 24 anos de idade, provocando grande comoção”.

Para mais informações de Auta de Souza, acesse este link.

Horto na Estante Virtual.

AUTA DE SOUZA, A POETA DE “PELE CLARA, UM MORENO DOCE”: Memória e cultura da intelectualidade afrodescendente no Rio Grande do Norte dissertação defendida na UFRN sobre Auta de Souza

Zila Mamede

Zila da Costa Mamede nasceu em Nova Palmeira, na Paraíba no dia 15 de setembro de 1928. Aos 14 anos muda-se para Natal com a família. Sobre sua chegada a cidade, Zila se lembra:

“Cheguei aqui em 1942. Um mundo estranho, um mundo de guerra, as ruas furadas, blecaute, proibições disso e daquilo. Enfrentei um exame de admissão, passei e, aos quinze anos, quando todo mundo terminava o ginásio, eu entrava. Foi um período difícil, nesses meus primeiros anos (…). Afinal, meu pai, como duro sertanejo moldado no ferro em que ele trabalhava, conseguiu superar a batalha e felizmente conseguimos começar a nos integrar na vida natalense. Talvez seja por isso – aqui eu estudei, aqui conheci outras coisas – que realmente considero minha cidade. Eu queria ter nascido em Natal”.

Sobre seu primeiro livro, Rosa de Pedra, Manuel Bandeira expressou: “um dos melhores livros de versos brasileiros”. Além de considerar que Zila era “poeta até debaixo da água do Capibaribe”.

Segundo a crítica, seu melhor livro veio em 1959: Arado. Segundo a própria autora foi a partir de Arado que ela tomou “consciência da poesia enquanto trabalho de linguagem”.

Zila Mamede morre em 13 de dezembro de 1985, enquanto nadava entre a Praia do Forte e o Rio Potengi. Sua obra foi reeditada e, nos últimos anos, tem se tornado tema de diversos trabalhos acadêmicos.

Para mais informações de Zila Mamede, acesse este link.

Documentário sobre Zila Mamede:

Arado na Estante Virtual.

Poema “Banho (rural)”.

Marize Castro

Marize Lima de Castro nasceu em Natal, no dia 28 de dezembro de 1962.

Poetisa laureada, ganhou com seu primeiro livro, Marrons crepons marfins, de 1984, o Prêmio de Poesia da Fundação José Augusto. Além do Prêmio Othoniel Menezes por Poço. Festim. Mosaico, de 1996.

Desde o lançamento do primeiro livro, Marize surpreendeu pela qualidade literária, o amadurecimento poético e a opção por uma linguagem refinada e ousada, que busca alcançar um tom universal para sua poesia, que se nutre dos principais mitos e musas da literatura universal.

Marize também possui sua própria editora (UNA) na qual “publica títulos de diferentes áreas, que se destacam pela qualidade artística” lançando, inclusive, novas poetisas.

Em 2016, Marize foi uma das escritoras escolhidas pelo Leia Mulheres-Natal com o livro: Esperado Ouro.

 Para mais informações sobre Marize Castro acesse este link.

Marize Castro e Zila Mamede:

Alguns poemas de Marlize.

Esperando Outro na Estante Virtual.

Beatriz Madruga

Escritora da mais nova geração das letras potiguares. Formada em Psicologia, nasceu em Natal, em agosto de 1990. Começa a escrever aos 13 anos, na era dos blogs. No ano de 2014 decide reunir alguns de seus escritos e lança seu primeiro livro que reúne textos curtos em prosa poética: Aos Pedaços, Com Tudo, pela editora Jovens Escribas.

Em 2016 lança seu segundo livro: Em Fim, Nós que reúne 15 contos. Sobre este livro, Aureliano Medeiros, escreveu:

“[…] aqui ela fala sobre términos. Sobre todos os fins necessários para que existam novos começos. Sobre a fragilidade das relações humanas e como tudo que é sólido se desmancha no ar. Na mão de Beatriz, a caneta torna-se agulha muito fina que vai passear de leve pela superfície do nosso miocárdio, arranhando e fazendo-nos sentir de novo todas aquelas coisas meio complicadas demais”.

Atualmente cursa Letras e pretende trabalhar na área de educação. Além de continuar escrevendo.

Para mais informações sobre Beatriz Madruga, acesse este link.

Beatriz Madruga no Medium.

Livro Aos Pedaços, Com tudo.

Fonte: DUARTE, Constância Lima; MACEDO, Diva Maria Cunha Pereira. Antologia: Escritoras do Rio Grande do Norte. Natal, RN: Jovens Escribas, 2013.

Este texto foi escrito por Danielle Sousa, Isabella Helena e Maíra Dal’Maz, mediadoras do Leia Mulheres Natal.

*A imagem de capa deste post é um recorte da pintura Girl Writing, do Daniel Garber, de 1917.

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