A livraria mágica de Paris

Por: Juliana Gomes | Em: 27 / janeiro / 2017

“Quando a avó, a mãe e a menina se despediram e foram embora, Perdu refletiu sobre a concepção errada de que livreiros cuidam de livros.
Eles cuidam de pessoas.” pág. 27

A livraria mágica de Paris foi escrito originalmente em alemão e publicado em 2013, traduzido para mais de 25 idiomas, virou um sucesso na Europa. É um livro indicado para quem gosta de livrarias, boa comida, bom vinho, se atreve discutir sobre a morte e acredita na redenção do ser humano. Uma boa leitura para quem acredita que o sofrimento pode ser um modo de crescermos e compreendermos melhor o outro e a nós mesmos.
Você pode estar se perguntando o motivo dessa indicação no início do texto. É porque Jean Perdu, o nosso livreiro, é um terapeuta literário e dono da livraria/farmácia, ou barco-livraria, no Rio Sena em Paris, a autointitulada “Farmácia literária” . A cada novo cliente, ele tenta entender o momento de cada um e qual livro pode ser o seu antídoto ou remédio.

“Será que realmente não existe nenhum livro que me ensine a tocar a música da vida?” pág. 38

Perdu é um homem empático, meio mal-humorado, de meia-idade, um conhecedor e estudioso da alma humana. Solitário, sua vida se limita a sua livraria flutuante, o café local e um apartamento pequeno. Sua vida muda quando uma amiga encontra uma carta nunca aberta de um amor do passado, por quem Perdu acha ter sido abandonado.
Ele sai numa odisseia pela busca da sua verdade (ou melhor, por essa mulher) por toda a França, acompanhado por Max Jordan, um célebre romancista que enfrenta um bloqueio de escrita. A saga leva Perdu e o jovem escritor para Provence, onde surge uma série de personagens e as coisas começam a desandar pelos motivos mais estranhos possíveis. É um momento cheio de tango, comida típica, autoconhecimento e talvez Perdu estivesse se perdoando nessa egotrip também.
É um romance delicioso, quase chega a ser erótico porque o percurso de Perdu é também uma busca pela sexualidade e pelos desejo perdidos. E você embarca nessa viagem cheia de referências literárias, sabores, sons e perfumes.

“Mas todo mundo sabe que a leitura deixa as pessoas insolentes, e o mundo de amanhã com certeza vai precisar de que algumas se rebelem, não acha?” pág. 155

A história pode ser descrita como mágica. A escrita de Nina faz o romance fluir sem esforço. Terminada a leitura, há quem possa vê-lo apenas como uma história de amor, mas acredito que o núcleo real da novela está abraçando a vida. Porque há uma mágica nas pequenas coisas da vida que esquecemos de perceber. Cada personagem é tão encantador, eles realmente fazem o romance, deixam você com vontade de continuar a ler. Mas como Perdu nos lembra algumas vezes ao longo do romance, você tem que levá-lo lentamente, delicadamente e respirar a cada palavra e sentença.
A narrativa parece uma carta de amor à vida, aos livros, a você, leitor, e a quem você ama. Ao final do livro, a autora divide conosco saborosas receitas da Provence e uma bibliografia da farmácia literária de Perdu.

“As mulheres contam mais sobre o mundo. Os homens escrevem mais sobre si.” pág. 155

Trailer do livro.

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