Garota, Mulher, Outras

Por: Indra Barrios Lasso | Em: 29 / julho / 2021

Dividido em cinco partes, Garota, Mulher, Outras é um romance em que o poder das narrativas femininas se encontra nos anseios, lutas, conquistas e fracassos de cada uma das suas personagens. São 11 mulheres e uma pessoa não-binária (que não se identifica com o gênero masculino nem feminino), descendentes de imigrantes africanos e caribenhos, educadas e atuantes em diversas áreas da cena londrina contemporânea. Relacionamentos entre mães e filhas, avós e netas, amigas e filhas de amigas, mulheres com vivências e perspectivas de classe, raça e gênero bem diversas. Arte, política, sexo, amor, imigração, religião, música, Garota, Mulher, Outras aborda tantos temas relevantes e com tanta pluralidade de vozes, que a sensação que fica é que estamos vivenciando essas histórias e caminhando pelas ruas de Londres.

O livro também nos presenteia com referências literárias e políticas femininas, que servem de norte (ou sul, ou leste, ou oeste?) para uma compreensão mais ampla da infinita gama de mulheres poderosas que este mundo tem nos dado. Vale sempre a pena pesquisar e ir além, continuar a provocação que Bernardine Evaristo propõe. Nomes como o da americana Audre Lorde (autodenominava-se Negra, Lésbica, Mãe, Guerreira e Poeta); a americana Paule Marshall (cinco romances, dois coleções de contos e incontáveis ensaios); a nigeriana radicada em Londres Buchi Emecheta (autora de mais de 20 importantes livros, Cidadão de Segunda Classe, As alegrias da Maternidade, e A Pequena Escrava, entre outros); a jamaicana radicada em Toronto Olive Senior (poeta e romancista com mais de 18 livros de ficção e não ficção); a americana nascida em Trinidad e Tobago Rosa Guy (escritora e ativista civil); a americana nascida em Antigua Jamaica Kinkaid (escritora, dramaturga, romancista, professora universitária); nascida em Guadalupe, Maryse Condé (francófona, feminista, ativista, escritora, dramaturga e crítica literária); a americana Roxane Gay (ensaísta, professora universitária, escritora, e ativista); a americana Gloria Jean Watkins “bell hooks” (autora, professora, teórica feminista, artista e ativista); e a americana Angela Davis (escritora, professora e ativista social, integrante dos Panteras Negras nos anos 70s).

E que falar da música que ouvimos enquanto lemos o livro? Evaristo tem swing! Para quem, como eu, gosta dessa mistura, aqui deixo a playlist mencionada no livro. Através das histórias, vamos viajando ao passado com Donna Summer, Sister Sledge, Roberta Flack, Chaka Khan, Sarah Vaughan, Édith Piaf, Tracy Chapman, Joni Mitchell, Joan Baez, todas poderosas! 

Talvez a ausência de pontuação e a divisão de parágrafos nas páginas seja, à primeira leitura, um pouco estranha, mas logo vamos nos despindo dessa “formalidade” nas páginas e vamos nos encantando com o som dessa narrativa criativa da Bernardine Evaristo.

Erro › WordPress

O site está passando por dificuldades técnicas.